segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Toda mágoa do tetracampeão brasileiro Muricy Ramalho com o futebol de São Paulo…


Rio de Janeiro...
Engenhão...
Chegou a hora do desabafo.
Muricy Ramalho mostrou o quanto estava atravessado com o futebol paulista.
Com os fracassos com o São Paulo na Libertadores de 2009.
E, principalmente, com sua passagem desastrosa pelo Palmeiras.
Hoje foi a hora da vingança, de mandar recados direcionados.
Bastou um repórter perguntar porque o futebol paulista o havia perdido para o Rio de Janeiro.
"Perdeu porque não concordo com certo tipo de coisa que muitos concordam.
Contratar jogador que um ganha um pouco, o outro um outro tanto.
Contratar por interesse que não seja ganhar uma partida de futebol não combina comigo.
O momento então era de sair, procurar outro lugar.
Estava muito decepcionado com que aconteceu comigo.
Quem me conhece sabe o quanto sou honesto e trabalhador."
Muricy se recusou a falar nome de quem ganharia dinheiro com contratações.
Ficou claro que a pessoa sabe muito bem a quem ele está se referindo.
E em que clube...
Eis que surge um outro repórter e pergunta no campo sobre o momento que ganhou o elenco do Fluminense.
Como ele conseguiu que os jogadores se matassem por ele.
"Foi quando disse não à Seleção Brasileira.
Não foi nada fácil, não mesmo.
Mas eu tinha de ser leal a quem me contratou.
E aí, Deus me ajudou...
Eu precisava de uma grande compensação por ter aberto mão da Seleção Brasileira.
Deus premia a quem é honesto, trabalhador, vencedor.
Quem não faz as coisas com maldade.
E veio este título do Brasileiro.
E o Fluminense tinha de ganhar comigo, comigo."
Surge uma outra repórter e pergunta sobre a importância dos garotos do Fluminense.
"Eles foram fundamentais.
Seguraram as pontas quando tudo estava dando errado.
Tinha um monte estrelas contundidas.
Não adiantava nada.
E muita gente disse que eu só ganhava porque tinha estrelas e mais estrelas.
Ninguém presta muito atenção.
Quantos partidas eu não montei o time com jogadores que ninguém nem lembra, como o Tarta?"
Aí, alguém lembrou de Fred.
Do seu enorme jejum de gols.
"Eu quero sempre ter o Washington no meu time.
Ele é honesto, um homem trabalhador.
Cheguei nele quando vi que estava perturbado e chamei para conversar.
Não gosto disso, mas estava vendo todos os dias o monte de bobagem que ele ouvia todos os dias.
Fui claro.
Meu, está na hora de você dar uma parada.
Ir para a igreja, rezar.
Se acalmar.
Depois você volta.
Tenso desse jeito não é bom para você, nem para o time.
Ele fez o que eu falei e o resultado esta aí.
Estou muito contente pelo Fred.
Eu não desisto de quem trabalha."
A maior emoção estava reserva ao sonho que teve na madrugada de ontem.
"Eu sonhei com o Telê Santana.
Ele não falava nada.
Mas eu ia até ele e o dava um enorme abraço.
Ele sorria muito.
Foi de arrepiar.
Eu sabia que só poderia vir coisa boa hoje, depois desse sonho.
Foi especial para mim."
E uma bela cutucada ele reservava para quem deseja mudar a fórmula de pontos corridos.
"Não tem cabimento.
É a mais justa, meu.
Quem consegue ganhar mais, fica com o título.
Mas para isso é preciso trabalhar o ano inteiro.
Não tem essa história de dar gás só no final.
O Fluminense só foi campeão porque trabalhou demais.
Eu tenho quatro Brasileiros porque trabalhei muito.
Abri mão dos meus três filhos maravilhosos, da minha companheira.
Tive uma meta e o resultado taí.
Ninguém pode questionar."
Enquanto falava, Muricy percebeu o ex-presidente Roberto Horcades querendo se aproximar.
O técnico foi duro com ele.
"Deixa eu acabar que depois você fala por duas horas, presidente."
Dito e feito.
Só quando estava satisfeito, Muricy se livrou dos repórteres que o cercavam.
E avisou Horcades.
"Pronto: agora as câmeras são todas suas.
Pode falar à vontade."
Esse é Muricy Ramalho, tetracampeão brasileiro.
Alguém muito magoado com o futebol de São Paulo...

cosmi

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